Desde a primeira vez que fui aos Açores, em 2002, fiquei com um cantinho do meu coração reservado a este arquipélago
Agora foi a vez de o meu namorado conhecer as ilhas. Nestas férias nos Açores em 2 semanas visitámos 5 delas: começando pela Terceira, seguimos para São Jorge, o Pico, Faial e no fim ainda estivemos 24 horas em São Miguel (que quase não merece ser mencionada, uma vez que o impacto das outras quatro ilhas foi tanto que num dia apenas não tivemos oportunidade de saborear esta ilha, ainda para mais sendo a maior das nove).
Os pontos altos da viagem aos Açores
Viajar entre ilhas de barco – sendo Setembro, o mar apresentou perfeitas condições para as travessias. A que mais me impressionou foi a da Terceira para São Jorge, que demora quatro horas. A imensidão do mar deixa-nos com uma sensação de paz, tudo é posto em perspetiva. Ao aproximarmo-nos das ilhas de São Jorge e do Pico, tivemos a grande sorte de ser acompanhados por vários golfinhos, que saltavam alegremente na ondulação provocada pelo barco. Para além de sentir mais o mar, e o facto de se estar a meio do oceano, as viagens de barco são mais baratas do que as de avião – e quero acreditar que menos poluentes também. Aqui a Troupi ajudou bastante na organização da trajetória e na compra dos bilhetes nestas férias nos açores.
Em São Jorge ficámos alojados no Intact Farm Resort, cujo dono é um exemplar da hospitalidade açoriana. Foi buscar-nos ao porto, levou-nos a dar uma voltinha de barco, emprestou-nos a casa de família dele na Fajã de Santo Cristo, organizou o transporte de volta aos bungalows – e tudo em troca de sorrisos! 😄 Os bungalows estão bastante bem equipados e oferecem muita privacidade, mas acima de tudo uma vista de cortar a respiração sobre o canal entre as duas ilhas, e sobre o imponente Pico.
No entanto, o que mais me impressionou, foi a excursão para a Fajã de Santo Cristo. Fomos de carro até ao parque de estacionamento de Topo, e descemos a pé. Infelizmente estava a chover, e com visibilidade reduzida. Cruzámo-nos com poucas pessoas, algumas vacas, e muita vegetação única. Até chegar à Fajã, com a paragem obrigatória nas cascatas, levámos mais de duas horas, mas cada momento mereceu o esforço. Na Fajã de Santo Cristo fomos visitar o Centro de Interpretação, onde se pode aprender muito sobre o terrível terramoto que transformou a Fajã num lugar que hoje alberga menos de 10 pessoas a viverem aí o ano inteiro, quando antes do sismo mais de 200 pessoas viviam aí. Passar a noite nesse lugar foi muito especial. Na manhã seguinte fomos a pé até à Fajã dos Cubres, onde o nosso anfitrião nos foi buscar, para depois nos deixar junto ao nosso carro. Serviço completo!!!
No Pico o momento alto, no verdadeiro sentido da palavra, foi a subida ao Pico. Tivemos o melhor guia do mundo, de nome Quim Néné. Também aqui foi através dos serviços da Troupi que organizámos a atividade. Partimos de Madalena às 05:00 da manhã e fizemos a subida e a descida em apenas 6 horas. Graças ao profundo conhecimento da montanha que o Quim Néné obteve ao longo de muitos anos, escolhemos a melhor altura do dia para fazer a subida, o que nos permitiu ter o Piquinho para nós durante quase meia hora, em que saboreámos o pequeno-almoço e a vista incrível que daí se tem.
As histórias que ouvimos durante essas 6 horas foram impressionantes, divertidas, chocantes, inesquecíveis. A subida, e mais ainda a descida, são muito exigentes, e a julgar pelo que vi no caminho, recomendo vivamente que as façam acompanhados por um guia. A fim de nos recompensarmos fomos jantar nesse dia ao Restaurante Ancoradouro
Gozámos da vista sobre o Faial ao pôr-do-sol, duma refeição deliciosa, e de um vinho branco excelente do Pico, de nome Frei Gigante. O dia perfeito.
O Faial, para além dos obrigatórios gins no Peter’s, brindou-nos com um tempo maravilhoso e uma visibilidade espetacular para fazermos a caminhada à volta da Caldeira. Recomendo que se faça no sentido do relógio, assim a parte mais íngreme fica logo no início e as fotos ficam mais bonitas, pois São Jorge e o Pico estão sempre a fazer de pano de fundo. A caminhada não requer grande forma física e vale bem a pena (Em dias de visibilidade. Imagino que com chuva seja até perigoso.)
Também impressionante foi a visita aos Capelinhos, e ao respetivo centro de interpretação. A ameaça de terramotos está sempre bem presente e parece que a qualquer momento se possa dar mais um sismo. Espero que o arquipélago fique assim como está por muito mais tempo e prometo voltar por mais. No entanto, tenho a sensação de que a maior ameaça nem sequer é a atividade sísmica, mas sim o turismo em massa (em São Miguel senti bastante isso), e a utilização irresponsável de recursos naturais. Temos que preservar esse paraíso, com respeito pela mãe natureza.
O nosso muito obrigado ao Bernardo Norberto da Troupi pela paciência e eficiência que mostrou em organizar a nossa viagem.
Assistente de realização