Eu comecei a viajar com 5 anos. E lembro-me como se fosse hoje: de estar no aeroporto, para viajar sozinha com os meus avós para o Brasil e me dizerem que se eu não quisesse ir ficava tudo bem. O que me lembro mesmo, deste momento, foi o que senti: dentro de mim, tudo queria ir conhecer um mundo novo, mesmo ainda não sabendo que mundo era esse.
Fui. E fui muitas mais vezes. E fui sozinha aos 16 anos fazer um interrail. E aos 18 viver sozinha para Londres. Fui viajando sempre que podia. Menos do que queria, penso a esta distância.
No outro dia li algures alguém dizer que “viajar lhe salvou a vida”. Podia ter sido eu: às vezes, saber que o mundo é grande é tudo o que precisamos para saber que o que quer que nos incomode é pequeno.
Claro que em tantos anos de viajar enquanto criança acontecerem vários episódios dignos de ficarem para a posteridade: ficar fechada num elevador no Rio de Janeiro aos gritos, uma diarreia gigante de toda a família num hotel com um só quarto, ou um comprimido para dormir num dia que o voo se atrasou… Ao ser mãe, muitos anos depois, tive muitos medos de primeira viagem, receios, inseguranças e outros sentimentos naturais à maternidade. Mas nunca tive um: o medo de viajar com a minha filha. Começámos com 6 meses para Formentera. E com 1 ano fomos 2 meses para Moçambique. Se acho que é aventura a mais viajar com crianças? Claro que não. Aventura a mais é querer que um filho cresça sem lhe dar material para isso.
Viajar com crianças não é uma aventura: é um projecto, que se planeia, prevê, e cuida, para que não haja erros nem acidentes. Aliás, ainda há umas semanas tinha uma viagem planeada da qual acabei por desistir por falta de alguns itens importantes para mim: a segurança de que vou ter apoio se acontecer algo.
Se vale a pena? Eu diria que nada vale mais a pena…
Porque quem diz que as crianças não se lembram talvez tenha apenas preguiça de as levar porque se as levasse certamente ia ouvir, meses a fio, como eram as girafas na África do Sul, a praia na Malásia, as papaias em Moçambique. Porque, já diz e bem o ditado: viajar é das poucas coisas em que gastamos dinheiro mas ficamos mais ricos. Mesmo depois de uma ou outra diarreia tropical.
Patrícia Costa, Mãe e Blogger, Crónicas da Maternidade.
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