férias em Lisboa

A Lisboa da Dörte

Lisboa, o meu primeiro amor! A cidade que tanto impacto teve na minha vida que a escolhí para viver, já lá vão 20 anos… deixando a Alemanha para trás. Agora, que já não habito na cidade alfacinha (mas mantenho um quarto, claro, não se trai o primeiro amor!), os “meus” lugares ganharam ainda mais peso. Vejo com alguma tristeza como a cidade está a ser inundada por turistas, como já não se pode morar nas zonas centrais dela por falta de oferta pagável, como os prédios em remodelação (embora isso sim, alegra-me: reabilitação, vida nova) passam a ser quase todos destinados a hotéis ou apartamentos de luxo.

Morei perto da Praça da Alegria, ainda havia estacionamento, com o Bairro Alto por perto (e sem alternativas, na altura) – era onde eu ia. Depois mudei-me para a Costa do Castelo, viví privilegiada com a melhor vista que alguma vez tive. Também descia sempre da minha colina e subia a do lado de lá da Baixa para sair à noite, jantar, beber copos, dançar. Desse período ainda “mantenho” um gosto pelo terraço do hotel Regency Chiado com o seu Bar Entretanto. Como é bastante pouco visível, poucas são as pessoas que lá chegam. E a vista é maravilhosa (vejo o tal apartamento na Costa do Castelo). No verão bebe-se um belo branco fresquinho, e no inverno há chás que sabem melhor no aconchego dos sofás na parte interior do bar.

A última casa lisboeta que tive foi em Sapadores, já na Penha de França. Fugí dos turistas, e por algum tempo tive sorte. E é perto dessa casa que se encontram os “meus” lugares:

O “Damas” na Rua da Voz do Operário, quase a chegar ao Largo da Graça. Um sítio amável desde almoços com ou sem amigos (sempre saborosas e económicas opções vegetarianas!) até ao jantar, e mesmo depois. Há festas com djs e muitos encontros improváveis, uma miscelânea de pessoas e gostos que me agrada.

A Casa Independente no Largo do Intendente. Foi nela que entrei na quarta década, rodeada de amigos e família. O páteo é imbatível, e as festas na sala do tigre são invariavelmente divertidas. Pena não estar aberta até mais tarde.

Os “Amigos do Minho” na Rua do Benformoso. O lugar perfeito para um copinho de fim-de-tarde. Com sorte há bailarico. O terracinho é um lugar bem Escondido, e as vimas protegem do sol. Parece que se está noutro lugar. A simpatia dos amigos minhotos é excepcional. Diz que também se janta, mas nunca experimentei.

Um hotel: Palácio Belmonte. Mais um lugar no meio da cidade que me deixou esquecer o mundo lá fora. É um pequeno paraíso. Centenas de anos de história, uma biblioteca impressionante, várias suites completamente diferentes uma da outra, o terraço dos pequenos-almoços com vista para o nascer-do-sol e Alfama a despertar, o Tejo em pano de fundo, o jardim com a pequena piscina, e o casal dos donos, Maria e Fréderic, fazem deste lugar um mesmo muito especial.

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Amigos do Minho
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Bairro Estrela de Ouro

Um mini-quase-micro passeio: O Bairro Estrela de Ouro foi para mim uma descoberta. Parece ter saído de um filme, e podia ser em Havana (na minha imaginação apenas, ainda não fui à Havana). O antigo cinema que ainda tem o símbolo da estrela bem visível (esse na Rua da Graça, o bairro fica nas suas costas) é hoje um supermercado. Sinais dos tempos.

Restaurante para comer sardinhas em Junho: O “Páteo 13″ em Alfama. Embora bastante frequentado por turistas, é para mim um dos lugares de passagem obrigatória na noite de Santo António (alias, é aqui que começo a festa), onde se come uma bela sardinhada. Mesmo que só lá vá duas vezes por ano, os empregados reconhecem-me sempre e tratam-me como uma alfacinha de gema. As mesas em volta da tileira são o ex-libris deste restaurante, que só abre mesmo entre Maio e Outubro, pois não tem sala no interior.

 

Dörte Schneider, Assistente de realização.