Com o calor no ar, os destinos de verão começam a chegar. Por acaso, considero o Gerês um destino intemporal pelo seu cariz ambiental. Tanto acho magnífica a sensação de estar no meio das árvores, com um inverno que o português chama de forte, mas que se torna quentinho para os nossos vizinhos do norte da europa, como me delicio com o som dos pássaros, o cheiro das árvores e as sensações que as cascatas provocam no verão. É um poço fresco por entre as pedras quentes e abrasadoras.

Para além de lindo, o Parque Nacional da Peneda – Gerês é de fácil acesso, dependendo de onde estão a ler este artigo. No nosso caso, precisámos apenas de um carro. Eu e o meu namorado fomos de Lisboa para o Porto com o objetivo de festejar o S. João. Ele é de lá, eu sou do extremo sul de Portugal. Não do Algarve, da Madeira. Não existe nada mais a sul que a ilha que geograficamente é Africana. Retomando o que interessa: ambos sabemos que o S. João Porto é de arromba, ambos amamos o Porto, ambos vivemos aquele clima intensamente. Ambos temos grande “travo ao norte” no sangue. E lá fomos.

Sábado às 9:00 estávamos já de pé, arranjados e com o pequeno-almoço tomado. Porto – Gerês fez-se em pouco menos de 2 horas, sem grandes velocidades.

Quais os pontos de interesse a visitar no Gerês?

Vista da Cascata do Homem no Parque da Pende - Gerês

Chegámos, tomámos um café no centro e partimos para a Cascata do Arado – um dos principais pontos a visitar no Parque do Gerês. Linda, com vários níveis. Deixou-nos a tremer. Não só de emoção, mas também de força nas pernas. Num primeiro momento pareceu e foi fácil de trepar. Ainda para mais sendo eu madeirense e estando habituada às rochas, tomei a iniciativa e atirei-me para a água (friiiiia) e comecei a nadar para as rochas do próximo nível. Subimos e, três níveis depois, deparámo-nos com o que é considerado o fim da cascata, mas se há cascata, há mais água e eu só queria ter uma corda para ter continuado a subir até mais não. Ainda assim é arrebatador! Estamos no meio do nada, sem muitas pessoas em redor, apenas a apreciar a natureza no seu mais belo esplendor. Tão belo que nem rede móvel havia naquele sítio.

Não posso ser hipócrita no que diz respeito à tecnologia. Trabalho no meio por gosto e acredito na sua utilidade a 100%, mas com essa mesma certeza vejo o fim da socialização pela perda de noção de equilíbrio. Estamos tão conectados que chegamos a estes sítios como o Gerês: repleto de cascatas com vistas únicas e que convidam a banhos quentes, e munimo-nos de imediato de dispositivos móveis ou para mostrar qualquer coisa, ou mesmo para tirar uma fotografia. Das muito poucas pessoas que existiam naquela cascata, na minha mente destacaram-se aquelas que nadaram e escalaram até ao terceiro piso com um telemóvel dentro de uma bolsa de plástico para poder fotografar sem limitações. Fotos essas que pouco mostram da cascata.

Neste artigo não existem fotos desse piso, por um lado, pelo ponto de vista que apresento neste parágrafo; por outo, porque há sítios que não são para se mostrar, mas sim visitar. Contínuo a achar que se aliarmos as viagens à tecnologia e soubermos distinguir cada momento, mais do que equilibrados, seremos extremamente felizes, e a Troupi existe para nos ajudar a descomplicar!

Entre quedas de água, caminhos e actividades, a nossa aventura no Gerês continua

Quedas de água - Parque Peneda - Gerês
Vista Parque Nacional da Peneda no Gerês
Cavalos na estrada da fronteira entre Portugal e Espanha
Depois de algumas horas seguimos caminho. Levámos o nosso almoço porque nesta zona não há grandes sítios onde comer. De barrigas cheias seguimos caminho para Lobios, Espanha. A caminho, ainda em Portugal, passámos pela Cascata da Portela do Homem, uma das quedas de água a visitar para quem for conhecer o Parque Nacional da Peneda. É uma passagem obrigatória e se possível, com mergulho incluído. Nós ficámos apenas pela vista pois já estávamos com o dia muito preenchido. A passagem pela fronteira foi marcada por vacas e cavalos. Os cavalos inclusive acompanharam o nosso percurso rodoviário, colocando-se em frente ao carro algumas vezes. Chegámos a Torneiros, as famosas termas espanholas e… que tortura! De Portugal a Espanha eu fui-me pondo cada vez mais à vontade. Com o calor, já tinha eu tirado a camisola e, eventualmente, perdi também os sapatos. Já só havia uma saia, que também perdi em Lobios, pelo que cheguei a casa de biquíni. Mas a parte importante é que descalça estava eu bem em Portugal. Em Espanha o chão fervia e eu corri para as termas para aliviar o calor dos pés. Não foi o meu momento mais inteligente, admito. Passei mal com aquela água fervorosa e continuei a correr para o rio em frente. Agora com mais dificuldade, pois os meus pés molhados já traziam os vestígios de terra e relva que encontravam pelo caminho. Atirei-me para o rio. Muito mais baixinho que a cascata no Gerês onde tínhamos estado anteriormente. Devo, no entanto, acrescentar que aquelas termas de água quente são tudo aquilo em que sonho durante o inverno.
Torneros em Espanha - termas de água quente
Torneros em Espanha - termas de água quente
Vista dos torneros em Espanha - termas de água quente

O rio de tão baixinho possibilitou o luxo de estar a refrescar-me sentada numa rocha. Para aqueles que, como eu, adoram correr e saltar em terra, mas não são grandes fãs de nadar, PER-FEI-TO!

No regresso ceámos a rigor em casa de amigos, mas o que vos posso dizer é que se um dia decidirem, e bem, ir ao Porto em junho, reservem um restaurante porque está tudo cheio de pessoas. Zonas como Cedofeita, Campo Alegre e S. João, são boas soluções para comer nesta altura do ano, pois não inflacionam os preços e terão acessos fáceis para o centro do Porto (de Cedofeita e Campo Alegre a pé e do S. João de metro).

Para o S. João Porto existem apenas dois requisitos:

Em primeiro lugar, o fogo de artifício acontece às 00:00 na Ribeira do Porto e é um momento inesquecível, de paragem obrigatória! Este ano tivemos um fogo bem patriota, com fumo verde e vermelho para dar toda a força a Portugal no Mundial 2018.

Em segundo lugar, comprar um martelo. Assim poderás martelar também na cabeça de todos os que te martelam e não só. Martela tantas pessoas quantas conseguires. Eu, neste S. João perdi a conta às 400 marteladas.

Em relação ao programa das festas, devem informar-se mais próximo da altura, pois haverão concertos grátis e pessoas a dançar por diferentes recantos da cidade. No nosso caso, este ano a noite foi fraca no que diz respeito a dança. Arrasados do dia como estávamos, dançávamos até fora de ritmo. Eu dava ordem à minha perna direita para rodopiar sobre ela própria e ela assumia a ordem apenas 10 segundos depois. Alguma graça, na verdade!

Terminado o S. João restou comer uma maravilhosa francesinha no Domingo (no meu caso vegetariana). Aconselho-vos o Al Forno, pois até descobri-lo eu não gostava deste prato (shiuuu, que este não é o comentário favorito para a malta do Porto). 

Voltámos, mas o Porto chora por nós e nós… Nós sabemos que não tarda estaremos de volta!

 

Sofia Azevedo
Web Designer