Era uma vez em Dublin um grupo de quarto amigos que perderam a estadia na primeira noite e foram obrigados a ficar a vaguear… Mas vamos começar pelo início.
Somos quatro, o que significa que duas escolheram o voo e dois escolheram o alojamento. Já todos sabemos que a comunicação é uma coisa linda e entre nós ela não falta, mas falha. E falhou, mas falhou com amor! Chegávamos nós às 2:00 da manhã aos bosques mágicos repletos de duendes e o check-in era até às 22:00. Erros que se evitam quando deixamos a Troupi fazer o que faz de melhor e marcar a nossa estadia. Mas eu gosto de ver as coisas pelo lado positivo e este detalhe apenas nos proporcionou conhecer a cidade mal chegámos.
De mochila às costas pusemos as pernas a mexer. Apanhámos um autocarro do aeroporto até ao centro e tenho de vos dizer que fiquei feliz mal cheguei. As pessoas são simpáticas e aquele sotaque conquista-me a cada palavra.
Hey mate, a pint of beer please.
Estávamos malucos por dizer esta frase e tentar, sem sucesso, falar como eles. Mas na Irlanda os pubs fecham cedo e íamos a tremer com a hipótese de não ter absolutamente nada aberto. Até que o motorista do autocarro diz “TEMPLE BAR guys! It’s open till 4am”.
Bem, ele foi extremamente simpático, mas enganou-se. Chegámos às 3:00 ao Temple Bar e quando estávamos a dar aqueles últimos passos em direção à porta, de sorrisão posto, sai o último funcionário do pub e fecha a porta. MESMO À NOSSA FRENTE. Sorrisão virou gargalhada e já não havia pubs abertos, mas havia outras mil coisas, até supermercados. Parecia que as pessoas estavam a fazer o seu dia normalmente, como se fossem 11:00 da manhã em Portugal.
Não eram bem os supermercados que queríamos àquela hora, mas eram definitivamente as pizzarias que nos livraram da fome e os restaurantes indianos que nos livraram da cede com água Irlandesa: a Cerveja. Continuámos a passear e o que pudemos apreciar de melhor nesta noite foi a arquitetura e a natureza, mas também a polémica atual que lá se vive: abortar ou não abortar. Escandalizou-me porque sou uma feminista (no significado base do termo, que se centra na igualdade entre homens e mulheres, abolindo não só o machismo, mas também todo o estereótipo e julgamento em redor do homem – infelizmente sinto-me obrigada a explicar devido a toda a polémica em torno do conceito). Dessem-me uma semana em Dublin e estava eu de cartaz nas mãos a gritar VOTE YES… Ou estava em Belfast.
Uma coisa é certa: muito inglês falam eles. Mais inglês do que irlandês. Tristemente a Irlanda está a perder a sua tradição linguística, o ensino é feito em inglês e muitos locais crescem sem entender um pingo daquela que deveria ser a sua língua materna. Todas as placas estão escritas em ambas as línguas, com especial destaque ao inglês. Porquê? Foi o que fizeram durante mais de 7 gerações. Os ingleses não conseguiram dominar e por isso passaram as suas tradições e tentaram predominar. Em termos linguísticos, conseguiram.
Verdade seja que nas passadeiras em Dublin muitos são os turistas que precisam das indicações na língua universal, nós inclusive, pois eles também conduzem pela esquerda. Não é assim tão estranho como pensei, mas quem sou eu para falar quando não conduzi um carro lá?!
A pé fomos até ao aparthotel onde ficámos. 10 km a pé, mais tudo o que já tínhamos andado. Parecíamos atletas de maratona, mas de língua de fora.
Pontos turísticos a visitar em Dublin
Chegámos, dormimos, levantámo-nos e lá fomos. Começámos pela Cathedral Christ Church, uma das Catedrais Protestantes mais antigas da Irlanda e um dos principais pontos turísticos em Dublin. Senti um pouco a tradição Viking, uma vez que esta Catedral começou por ser um templo de madeira criado por estes últimos, em 1038. Não vos vou contar a história toda porque por favor, marquem a vossa viagem a Dublin e descubram! Mas vou adiantar algo que achei especial piada: alguém aqui conhece a famosa frase de James Joyce em Finnegans Wake?
É real e aconteceu nesta Catedral, sendo que o gato e o rato permanecem lá mumificados.
Saímos de lá e devo confessar que as atividades turísticas só voltaram no dia seguinte. Começou a aventura dos pubs. Começámos pelo Bad Bobs. Chegámos e havia música ao vivo. Algumas covers com guitarra, sotaque e ritmo irlandês. Já não conseguia estar parada, por tanto “Hey mate, it’s a pint of beer please”. Vai uma, e se não tens fígado irlandês aconselho-te vivamente a comer. Esquece essa anedota de português beber muito. Vai à Irlanda e depois voltamos a falar. Fish and chips, um típico irlandês (e inglês) para os apreciadores de peixe ou para os que não comem carne como eu, Stew (estufado de borrego) para os apreciadores de carne. Vegetarianos, infelizmente tenho de vos dizer para esquecerem a comida típica, estamos numa ilha que na sua história realmente experienciou a fome e os vegetais não são de fácil cultivo nas condições climáticas irlandesas. Não me interpretem mal, eu sei que ser vegetariano não é só comer alface, mas convenhamos que quando só conseguimos facilmente plantar batatas e criar gado fica difícil ter escolha, mas, por outro lado fica fácil garantir algumas condições para os animais. Claro que surge também a pergunta: se é uma ilha, não conseguem facilmente pescar? Sim, mas enquanto hoje é fácil, antigamente o transporte do peixe era um problema.
Comemos e seguimos nesta nossa viagem a Dublin. Próximo pub, mais música ao vivo. Umas horas passaram. Próximo pub, mais música, mais pints, mais diversão, menos conversa, mais dança.
No dia seguinte eu já estava quase a pedir misericórdia, mas por favor, quem é que pede misericórdia na Irlanda?! Vamos em frente que são 10:30 e estamos nós a entrar no Guinness Museum, ainda a sentir as pints do dia anterior. Este museu é de passagem obrigatória. Vão conhecer toda a história da Guinness e quem diria que a cerveja pode salvar a economia de um país? Avé Cerveja! No fim podem provar uma Guinness.
Daqui fomos para o Castelo, mas esqueçam lá isso do vamos ver mil coisas. Só neste museu demorámos entre 3 a 4 horas. Não marco o Castelo de Dublin como extremamente necessário, mas foi giro ver mais um pouco da história deles. Já noutra perspetiva marco como imperdível o The Brazen Head, Ireland’s oldest pub, since 1198, mas vão com isto em mente porque precisam de reservar. Usufruímos da experiência completa: An evening of food, folklore and fairies. Completamente incrível. Chegámos 30 minutos mais cedo e abrimos com uma pint. Subimos dois andares e chegámos à nossa sala. Típica e acolhedora, com muita madeira. Um senhor com alguma idade, claramente irlandês, começou as suas histórias encantadoras com um toque de humor. Incrível, mas não vos vou contar os segredos todos, ou perderia o encanto lá ir. Deixo-vos apenas algumas curiosidades para apimentar:
– Eu não acredito em fadas, mas que as há, há.
– Se encontrarem um Duende e lhe perguntarem onde esconde o seu tesouro, ele é obrigado a levar-vos até lá.
– Os meninos vestiam saias para se confundirem com as meninas, assim evitavam ser raptados por fadas.
E mais não digo! O serão continuou com música ao vivo. Não tenho como descrever a alegria daquelas pessoas, é um calorzinho no coração. Fizemos inclusive um jogo e não se preocupem porque Portugal (VS EUA e EN) representou!
Até lá, vão treinando, no refrão são quatro palmas – pausa – duas palmas.
Para terras Irlandesas prometi voltar, ou um castigo dos duendes terei de enfrentar.
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